Pe. Luiz Carlos de Oliveira, CSsR
Vinde
trazer-nos a Salvação!
Iniciamos o tempo do
Advento. A palavra Advento significa vinda, chegada. Deus vem ao nosso encontro
para nos oferecer a salvação, isto é, a vida plena. A liturgia continua a temática
da vigilância. Não se trata de ficar preocupado, mas ocupado com toda boa obra.
Nosso presente está em tensão permanente para a conclusão de nosso tempo. O
fato de não sabermos a data do fim é um estímulo a vivermos bem o tempo todo.
É como diz o Evangelho: “Vigiai, porque não sabeis quando o dono da casa
chegará… para que não suceda que, vindo de repente, ele vos encontre dormindo… O
que vos digo, digo a todos; Vigiai!” (Mc 13,35-37). A expectativa não bloqueia
a vida, mas a enriquece. O tempo que nos é dado é tempo de salvação. A frágil
condição humana é uma súplica para que Deus venha nos restaurar. Lemos: “Ah! se
rompesses os céus e descesses” (Is 63,19b). Em seu sofrimento, mesmo tendo
consciência de seu pecado, o povo clama a Deus, pois só Ele pode reparar esse
mal: “Tu te irritastes, porque pecamos”… “Todos nós nos tornamos imundícies, e
todas as nossas boas obras são como um pano sujo; murchamos como folhas e
nossas maldades empurram-nos como o vento” (Is 64,4-5). Na profunda miséria
clama por salvação e tem confiança: “Tu és nosso Pai, nosso redentor; eterno é
teu nome” (Is 63,16b)… A confiança vem da certeza de sua benevolência: “Nunca
se ouviu dizer… que um Deus, exceto Tu, tenha feito tanto pelos que Nele
esperam” (Is 64,3). Deus cuida de nós como o oleiro de sua obra: “Somos barro;
tu nosso oleiro, e nós todos, obras de tuas mãos” (7). A salvação só acontecerá
se voltarmos aos caminhos certos: “É nos caminhos de outrora que seremos salvos”
(4). As más escolhas só se reparam com escolhas melhores.
Ricos
em tudo
A liturgia nos ensina o sentido da vigilância a partir do que Deus nos
oferece. A vida cristã não é tanto a conquista das riquezas de Deus, mas o
acolhimento dos preciosos dons que oferece. São maiores que nossa capacidade de
vivê-los. Paulo lembra aos coríntios: “Dou graças a Deus a vosso respeito, por
causa da graça que vos concedeu em Cristo” (1Cor 1,4). Esta graça é a palavra,
o conhecimento e o testemunho de Cristo. E continua: “Não vos falta nenhum dom,
vós que aguardais a revelação de Nosso Senhor. Ele também vos dará a
perseverança em vosso procedimento irrepreensível” (1Cor 1,5.7-8). A vigilância
é viver intensamente o que recebemos. O momento final não é assustador. É a hora
da recompensa por termos participado da vida de Cristo e andado como Ele andou
(1Jo 2,6). Participamos de seus sofrimentos, como disse aos discípulos: “Vós
sois os que permanecestes comigo em minhas tentações; também Eu disponho para
vós o Reino, como o meu Pai o dispôs para mim” (Lc 22,28-29).
Ele
vem na fragilidade
É tempo de correr com as boas obras ao encontro de Cristo que vem
(oração da coleta). Rezamos: “Aproveite-nos, ó Deus, a participação nos vossos mistérios.
Fazei que eles nos ajudem a amar desde agora o que é do Céu e, caminhando entre
as coisas que passam, abraçar as que não passam”. Aprendemos a vigilância e nos
preparamos para o Natal que vem. É uma vigilância ativa e não medrosa. Somos
frágeis, mas encontramos em Cristo não um Juiz perigoso, mas uma terna criança.
Podemos dizer que é um poderoso Senhor com a simplicidade do pastor e o coração
de uma criança. Frágeis mas fortes em Cristo.
Leituras:
Isaias 63,16b-17.19b;64,2b-7; Salmo 79;1Coríntios 1,3-9;Marcos 13,33-37
Ficha
nº 1392 – Homilia do 1º Domingo do Advento (30.11.14)
1. Advento significa vinda, chegada. A liturgia continua o tema da
vigilância. Não saber a hora é estímulo a viver. A expectativa enriquece. A
fragilidade humana é uma súplica a Deus para que nos restaure. A consciência do
pecado estimula a clamar. A confiança vem da certeza da benevolência. Nos
caminhos de outrora seremos salvos.
2. A liturgia deste domingo faz compreender a vigilância a partir do que
Deus nos oferece. A vida cristã não é só uma conquista, mas o acolhimento de
dons, como Paulo ensina aos coríntios. O momento final é a hora da recompensa
por termos participado da vida de Cristo.
3. É tempo de correr com as boas obras ao encontro do Cristo que vem,
abraçando o que não passa. A vigilância não é medrosa, mas ativa. Ele não é um
juiz perigoso, mas uma terna criança. É o Poderoso com a simplicidade do pastor
e o coração de uma criança. Frágeis, mas fortes em Cristo.
Não
avisa quando chega
Iniciamos o Advento.
Novo Ano Litúrgico, nova esperança. Nessa primeira parte do Advento refletimos
sobre a espera do fim dos tempos que deve ser vivida na vigilância. Hoje
refletimos sobre a vinda improvisa de Cristo.
Como viver? Ocupando-nos de nossas responsabilidades na sociedade e na
Igreja. Não há o que temer se estamos em dia com nossos compromissos. Recebemos
tantas coisas como diz Paulo em sua carta aos Coríntios: “Não tendes falta de
nenhum dom”. A força não depende só de nós. Ele nos dará a perseverança.
Deus não vem de improviso. Nós é que não assumimos nossa parte. Por isso
a primeira leitura diz: Somos culpados por Deus estar longe. Somos como um pano
sujo, murchos como as folhas.
É nos caminhos de outrora que seremos salvos. É preciso voltar. O tempo é
favorável. Por isso dizemos: Ah se rompesses os céus e descesses! Só Deus mesmo
para nos consertar! Façamos um bom Advento!