“Estabelecer
a paz”
Pe. Luiz Carlos de Oliveira, C.Ss.R.
Aliança para a paz
Quando entra em Jerusalém, o
Senhor chora sobre a cidade: “Ah! Se neste dia também tu conhecesses a mensagem
de paz” (Lc 19,42). Na primeira leitura lemos que Deus faz aliança com Noé e
coloca seu arco no céu. É o arco-íris que lembra o arco de guerra. Deus quer a
paz (Gn 9,13). No Natal os Anjos cantam aos pastores: “Glória a Deus nas
alturas e paz na terra aos homens que Ele ama” (Lc 2,14). Paulo exclama:
“Deixai-vos reconciliar” (2Cor 5,20). O Messias veio para trazer a paz e a
reconciliação. Chamamos de Quaresma (40 dias) esse tempo de preparação para a
Páscoa para viver a reconciliação pela Morte e Ressurreição do Senhor. As
leituras nos levam a perceber a aliança que Deus fez durante a história da
salvação para culminar com a aliança selada com o sangue do Filho. A salvação
chega a nós e é explicada através de muitos símbolos. Na leitura sobre o
dilúvio entendemos que as águas nos purificam e a arca simboliza o batismo que
hoje é nossa salvação como nos explica Pedro (2Pd 3,21). Neste quadro de
aliança, surge a questão da tentação. É bom ser tentado, como nos diz S.
Agostinho: “Enquanto somos peregrinos neste mundo, não podemos estar livres de
tentações, pois é através delas que se realiza nosso progresso e ninguém pode
conhecer-se a si mesmo sem ter sido tentado. Ninguém pode vencer sem ter
combatido, nem pode combater se não tiver inimigo e tentações” (CCL 39,766). As
tentações de Cristo nos animam a não temermos. Ele foi realmente tentado, como
nós. “Ele nos representou em sua pessoa quando quis ser tentado… Em Cristo tu
eras tentado, porque Ele assumiu tua condição humana, para te dar a sua
salvação… Se Nele fomos tentados, Nele também venceremos o demônio…
Reconhece-te Nele em sua tentação, reconhece-te Nele em sua vitória” (Idem). Esta
vitória nos dá a paz e reafirma nossa aliança. Na oração, no texto original em
latim, dizemos sacramento da Quaresma. Como sacramento, não só lembra, mas
torna presente o mistério recordado e faz agir.
Vitórias
sobre o mal
Deus projeta uma
permanente aliança. Pendurou seu arco no céu e não quer mais castigar a terra.
Para superar as grandes tentações contra o projeto de paz de Deus, o esforço
humano procurará mudar de mentalidade, que significa converter-se. Certamente
não temos as belas tradições do passado. Houve um aprofundamento. Não ficamos
na periferia das questões, mas vamos a sua raiz. É a vitória sobre o mal. É a
Páscoa que se atualiza na vida de cada um. O profeta Joel é claro: “Rasgai os
vossos corações e não as vossas vestes” (Jl 2,13). Não bastam atitudes
exteriores, é preciso mudar a fonte do mal que nos domina. Aí sim podemos
assumir as atitudes bonitas da penitência, do jejum e outros. É preciso
encontrar modos que correspondam ao nosso mal. Rezamos: “Mostrai-nos Senhor vossos
caminhos, fazei-me conhecer vossa estrada” (Sl 24).
Uma
comunidade de vida.
No deserto Jesus vivia entre os
animais selvagens e os anjos O serviam. A comunidade tem dificuldades que são
selvagens. Mas temos também, nessa comunidade, o serviço mútuo dos anjos que
sevem. A Quaresma não é um exercício individual, mas uma comunhão de vida no
serviço fraterno, sobretudo para com os mais necessitados. É de se pensar em
tirar um pouco do que temos para dar aos que não o tem. Dar vida é o que nos
garante ter Vida. O tempo de deserto
para Jesus não era solidão, mas comunhão com o Espírito Santo. Daí parte para
evangelizar semeando a paz.
Leituras: Gênesis 9,8-15;
Salmo 24; 2Pedro3,18-22;Marcos 1,12-15
Ficha
nº 1416 – Homilia do 1º Domingo da Quaresma (22.02.15)
O Messias veio trazer a
paz e a reconciliação. Deus diz a Noé que não vai destruir a terra, por isso
pendura seu arco no céu. Na Quaresma preparamos a Páscoa para celebrar e viver
a reconciliação. No quadro da Aliança aparece a tentação. Ela é boa, nos ensina
a lutar e nos fortalece no combate. Em Cristo somos tentados e Nele vencemos.
Para superar a tentação
contra o projeto de paz de Deus, o esforço humano procurará mudar a mentalidade
através conversão. Mudaram-se as tradições. Aliás, aprofundou-se o sentido da
Quaresma. Vamos à raiz. É a vitória sobre o mal. Não bastam atitudes externas,
é preciso tirar o mal que nos domina. Assim podemos assumir as atitudes
externas mais aptas a nós.
Em seu jejum Jesus vivia
entre os animais selvagens e era servido pelos anjos. Na comunidade temos o
serviço mútuo feito pelos anjos com quem vivemos na comunhão do amor fraterno.
Dar vida é o que garante a nossa vida. O tempo de Jesus no deserto não era solidão,
mas comunhão com o Espírito.
Mais
feio que parece
Iniciando a Quaresma
ouvimos que Jesus foi tentado. Ele vivia nossa condição humana e participou em
tudo de nossos sofrimentos. É bom ser tentado para ver a força que temos para
corresponder à proposta de Jesus. Ele nos dá a graça para vencermos.
O
diabo não é tão feio como pintam, mas, mais perigoso do que parece.
Temos muitos símbolos na
Quaresma. As águas simbolizam a
purificação. A arca lembra o batismo que é o lugar para celebrar a purificação
pelo perdão. Por isso rezamos no salmo: “Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos,
fazei-me conhecer vossa verdade. Vossa verdade me oriente e me conduza” (Sl
24).
A partir da vitória sobre a
tentação, Jesus inicia sua pregação: “O Reino de Deus está próximo.
Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15).
A Quaresma não é só um tempo
litúrgico. É um sacramento no qual temos muitas práticas que nos levam a viver
o Mistério Pascal de Cristo, fonte de todos os sacramentos.
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