Os
ministérios na missão da Igreja
Falar
de ministérios é falar da própria missão da Igreja, pois, todos os ministros
estão a serviço da missão que a Igreja recebeu de Jesus Cristo.
Jesus
cumpriu a missão que recebeu do Pai, levando ao pleno cumprimento em sua
paixão, morte e ressurreição. Porém, ele sabia que esta obra, que sua missão
deveria chegar a todos os homens e mulheres deste mundo até a parusia. Por
isso, ele constituiu os doze confiando a eles a continuidade de sua missão.
Esta continuação da missão de Jesus Cristo é assegurada com o envio do Espírito
Santo, fazendo com que a Igreja nascente se manifestasse ao mundo e levasse a
todos a boa notícia do Reino.
A
missão de Cristo é fundante e originante, enquanto que a missão da Igreja é
continuadora da missão de Cristo. Podemos dizer que a missão da Igreja é:
a)
Continuadora – porque prolonga na história o que o próprio Jesus Cristo
realizou;
b)
Referente – porque tem seu sentido e referência em Jesus;
c)
Realizante – porque a Igreja deve atualizar e promover a salvação que Jesus
Cristo nos trouxe;
d)
Impulsionante – porque deve promover o Reino de Deus até o fim dos tempos.
A
missão da Igreja tem as mesmas dimensões e características da missão de Jesus
Cristo:
a)
Dimensão profética ou da palavra (martyría);
b)
Dimensão sacerdotal ou da liturgia (leitourgía);
c)
Dimensão da caridade e da justiça (diakonia);
d)
Dimensão da comunhão e da unidade (koinonía).
Da
missão de Jesus Cristo nascem e fundamentam-se as diversas dimensões da missão
que concentram em torno de si a diversidade de ministérios. Em torno da missão
de Cristo a diversidade de ministérios encontra sua unidade. O Concílio
Vaticano II afirma que: “existe na Igreja diversidade de ministérios, mas
unidade de missão” . Esta unidade está no cumprimento da missão herdade de
Jesus.
A
missão de Jesus compromete a todos os membros da Igreja, todo o povo de Deus.
Como afirmam os padres conciliares: “não existe assim membro que não tenha
parte na missão de todo o Corpo” . Nela todos participam sejam os ministros
ordenados e os não-ordenados (cf. AA 2).
Os
ministérios afetam toda a Igreja como constitutivo de seu próprio ser e missão,
ou seja, a Igreja não apenas possui ministérios, mas ela é toda ministerial,
deve estar constantemente a serviço do Reino de Deus. Embora haja diferentes
ministérios na Igreja, isso não significa que sejam exclusivos, pois os
ministérios estão na Igreja para o cumprimento de sua ministerialidade.
Podemos
concluir que por serem constitutivos da essência da Igreja, os ministérios não
são exclusividades, mesmo os ordenador. Isto nos faz concluir igualmente que os
ministérios na Igreja não são meras funções secundárias na sua missão, mas
essenciais à Igreja. Eles não são acidentais a Igreja, mas fazem parte da sua
estrutura.
Para
realizar sua missão, a Igreja precisa dos ministérios e isto acontece do
seguinte modo:
1)
Relação acontecimento salvífico: continuidade histórica: em sua missão a Igreja
dá continuidade à missão salvífica de Jesus Cristo. Ela é a mediação
fundamental e cumpre esta missão através dos ministérios;
2)
Relação missão – dimensões da missão: a diversidade de dimensões da missão de
Jesus Cristo exige de igual modo a diversidade de ministérios;
3)
Relação Espírito Santo – dons e carismas do Espírito: o Espírito Santo é a alma
da missão da Igreja. Ele é princípio de unidade e ao mesmo tempo de
diversidade. Todo ministério nasce de um carisma e supõe um carisma que nem
sempre é idêntico;
4)
Relação “alguns” – “todos”: desde cedo no Novo Testamento aparece “alguns” que
receberam uma missão específica em relação a “todos”, mas não significa
exclusividade, pelo contrário, pressupõe a diversidade ministerial;
Ao
dizermos que os ministérios são um elemento constitutivo da Igreja, significa
que também deve ser para a comunidade de forma concreta. Os ministérios devem
ser entendidos não por cima da Igreja, mas no seu interior. A comunidade existe
ministerialmente. Os ministérios não são um fim em si mesmos, mas um meio que
deve concretizar-se a partir das necessidades da comunidade. Portanto, é
preciso sempre partir das necessidades reais da comunidade para o surgimento
dos ministérios em seu interior, e quem os suscita é o Espírito Santo.