Pe. Cristiano Marmelo
Por que uma teologia dos
ministérios?
Até a algum tempo atrás,
falar de ministérios era abordar praticamente o sacramento da ordem em seus
graus (episcopado, presbiterado, diaconado). Graças a renovação da Igreja
ocorrida principalmente no Concílio Vaticano II, passou-se a abordar a diversidade
dos ministérios eclesiais e não somente os ministérios ordenados. Isto porque
na Igreja não existe apenas os ministérios ordenados, mas uma diversidade de
ministérios leigos de igual modo importantes para a evangelização. Dentre
tantos encontramos os ministérios de leitores, acólitos, catequistas, os
ministérios extraordinários, etc.
O resgate do protagonismo
dos leigos na Igreja certamente foi fundamental para que fosse revisto o
conceito de ministérios que perdurou por longos séculos na Igreja, resgatando a
teologia do sacerdócio batismal (comum) e redimensionando o sacerdócio
ministerial (bispos e padres), bem como recuperando a riqueza do diaconado
permanente e sua missão no contexto eclesial.
A teologia dos ministérios
eclesiais se desenvolveu principalmente depois do Concílio Vaticano II com uma
nova abordagem da eclesiologia, agora não mais centrada na estrutura
hierárquica e piramidal da Igreja, mas sim, tendo a Igreja como Povo de Deus,
onde todos, dentro da sua especificidade, colaboram com a missão da Igreja de
levar a salvação a todos os homens e mulheres desta terra.
Os ministérios são um
problema eclesiológico e não apenas uma questão funcional. É um problema de
estrutura e manifestação da Igreja. Tem haver com a sua própria identidade.
Neles estão implicados o ser e o aparecer da Igreja no cumprimento de sua
missão no mundo. Deste modo, podemos dizer que a imagem que se tem da Igreja
influirá na concepção dos ministérios e por outro lado, a configuração dos
ministérios eclesiais depende do modelo de Igreja que se segue.
Por trás de uma concepção
dos ministérios há sempre uma concepção de Igreja. Se se tiver uma concepção de
Igreja mais “hierárquica-institucional”, que acentue o poder e a autoridade
hierarquicamente diante da participação e da diversidade de carismas, vir-se-á
a ter uma concepção de ministério mais centralizada, em que o clero é o que
sabe, ordena e decide, ficando os ministérios leigos relegados à simples
colaboração executiva .
Para uma verdadeira e fiel
teologia dos ministérios é necessário seguir outra vertente, proposta pelo
Concílio Vaticano II, numa linha de Igreja como “comunhão e participação”, onde
os leigos assumem seu protagonismo na evangelização. Deste modo é possível
falar de co-responsabilidade, de co-participação e consequentemente de diversidade
de ministérios assumidos pelos leigos e leigas na ação eclesial.
Evidentemente que esta
concepção de Igreja não desmerece a importância e a necessidade dos ministérios
ordenados, mas forma uma complementaridade onde ministros ordenados e ministros
leigos caminham juntos, se ajudam na construção do Reino de Deus.
Por este motivo, conceber
uma teologia dos ministérios é assumir a diversidade dos ministérios no
interior da Igreja e não mais utilizar o singular, mas o plural. Não mais
apenas ter como verdadeiros ministérios os ordenados, mas também os
não-ordenados, assumidos por leigos e leigas na obra da evangelização.
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