quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

TEOLOGIA DOS MINISTÉRIOS I

Pe. Cristiano Marmelo


Por que uma teologia dos ministérios?


Até a algum tempo atrás, falar de ministérios era abordar praticamente o sacramento da ordem em seus graus (episcopado, presbiterado, diaconado). Graças a renovação da Igreja ocorrida principalmente no Concílio Vaticano II, passou-se a abordar a diversidade dos ministérios eclesiais e não somente os ministérios ordenados. Isto porque na Igreja não existe apenas os ministérios ordenados, mas uma diversidade de ministérios leigos de igual modo importantes para a evangelização. Dentre tantos encontramos os ministérios de leitores, acólitos, catequistas, os ministérios extraordinários, etc.

O resgate do protagonismo dos leigos na Igreja certamente foi fundamental para que fosse revisto o conceito de ministérios que perdurou por longos séculos na Igreja, resgatando a teologia do sacerdócio batismal (comum) e redimensionando o sacerdócio ministerial (bispos e padres), bem como recuperando a riqueza do diaconado permanente e sua missão no contexto eclesial.

A teologia dos ministérios eclesiais se desenvolveu principalmente depois do Concílio Vaticano II com uma nova abordagem da eclesiologia, agora não mais centrada na estrutura hierárquica e piramidal da Igreja, mas sim, tendo a Igreja como Povo de Deus, onde todos, dentro da sua especificidade, colaboram com a missão da Igreja de levar a salvação a todos os homens e mulheres desta terra.

Os ministérios são um problema eclesiológico e não apenas uma questão funcional. É um problema de estrutura e manifestação da Igreja. Tem haver com a sua própria identidade. Neles estão implicados o ser e o aparecer da Igreja no cumprimento de sua missão no mundo. Deste modo, podemos dizer que a imagem que se tem da Igreja influirá na concepção dos ministérios e por outro lado, a configuração dos ministérios eclesiais depende do modelo de Igreja que se segue.

Por trás de uma concepção dos ministérios há sempre uma concepção de Igreja. Se se tiver uma concepção de Igreja mais “hierárquica-institucional”, que acentue o poder e a autoridade hierarquicamente diante da participação e da diversidade de carismas, vir-se-á a ter uma concepção de ministério mais centralizada, em que o clero é o que sabe, ordena e decide, ficando os ministérios leigos relegados à simples colaboração executiva .

Para uma verdadeira e fiel teologia dos ministérios é necessário seguir outra vertente, proposta pelo Concílio Vaticano II, numa linha de Igreja como “comunhão e participação”, onde os leigos assumem seu protagonismo na evangelização. Deste modo é possível falar de co-responsabilidade, de co-participação e consequentemente de diversidade de ministérios assumidos pelos leigos e leigas na ação eclesial.

Evidentemente que esta concepção de Igreja não desmerece a importância e a necessidade dos ministérios ordenados, mas forma uma complementaridade onde ministros ordenados e ministros leigos caminham juntos, se ajudam na construção do Reino de Deus.

Por este motivo, conceber uma teologia dos ministérios é assumir a diversidade dos ministérios no interior da Igreja e não mais utilizar o singular, mas o plural. Não mais apenas ter como verdadeiros ministérios os ordenados, mas também os não-ordenados, assumidos por leigos e leigas na obra da evangelização.

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