Revalorização do domingo, Dia do Senhor
Por tradição apostólica, que nasceu do próprio dia da ressurreição de
Cristo, a Igreja celebra o mistério pascal todos os oito dias, no dia que bem
se denomina dia do Senhor ou domingo. Neste dia devem os fiéis reunir-se para
participarem na Eucaristia e ouvirem a palavra de Deus, e assim recordarem a
Paixão, Ressurreição e glória do Senhor Jesus e darem graças a Deus que os
“regenerou para uma esperança viva pela Ressurreição de Jesus Cristo de entre
os mortos”(1 Pedr. 1,3). O domingo é, pois, o principal dia de festa a propor e
inculcar no espírito dos fiéis; seja também o dia da alegria e do repouso. Não
deve ser sacrificado a outras celebrações que não sejam de máxima importância,
porque o domingo é o fundamento e o centro de todo o ano litúrgico (SC 106).
O Concílio Vaticano II, dentro das preocupações da reforma da liturgia,
propõe uma revalorização do domingo. O domingo constitui o núcleo elementar do
ano litúrgico. O surgimento do domingo (Dies Domini – Dia do Senhor) está
diretamente relacionado ao evento pascal de Cristo desde o início da Igreja.
Como nos diz J. Ariovaldo: “O primeiro dia da semana se tornou, para os
cristãos, um dia memorável, inesquecível, por causa da impressionante novidade
da ressurreição.”[18]
Encontramos no número 106 da Sacrosanctum Conciliumas
seguintes dimensões do domingo:
a) O próprio fato da sua tradição a partir
da comunidade apostólica, do primeiro dia da primeira páscoa;
b) O domingo celebra o mistério pascal a
cada oito dias;
c) O nome que se prefere é o de “dia do
Senhor”;
d) Dia da reunião da comunidade cristã
para escutar a Palavra e celebrar a Eucaristia;
e) Faz memória do mistério pascal de
Cristo;
f) O domingo é para a comunidade cristã:
festa primordial, dia de alegria e descanso;
g) Mantém sua prioridade sobre todas as
outras celebrações;
h) É o fundamento e núcleo de todo o ano
litúrgico.
São João Paulo II em seu pontificado
dedica um documento para tratar da recuperação do domingo e sua santificação.
Trata-se da Carta Apostólica Dies Domini, de 1998. Nela, ele afirma
que: “O domingo, de fato, recorda, no ritmo semanal do tempo, o dia da
ressurreição de Cristo. É a páscoa semanal, na qual se celebra a vitória de
Cristo sobre o pecado e a morte, o cumprimento n’Ele da primeira criação e o
início da nova criação.”[19] A Carta convida os cristãos “a
redescobrir, com maior ímpeto, o sentido do domingo: seu mistério, o valor de
sua celebração, seu significado para a existência cristã e humana.”[20]
A Carta Apostólica Dies Domini divide-se em cinco capítulos bem distribuídos que nos apresenta o domingo em todas as suas dimensões:
Capítulo I – Dies Domini – o domingo é a celebração da
obra da criação;
Capítulo II – Dies Christi – é o dia do Senhor
ressuscitado e dom do Espírito;
Capítulo III – Dies Ecclesiae – é o dia da assembleia
litúrgica;
Capítulo IV – Dies Hominis – dia de alegria, descanso e
solidariedade;
Capítulo V – Dies Dierum – festa primordial e
reveladora do sentido do tempo.
Eis ai um bom texto para refletir o domingo dentro das perspectivas do
Concílio Vaticano II. Já há algum tempo, o domingo vem sofrendo certa
desvalorização da parte dos muitos cristãos que o substitui por outras
obrigações. É urgente recuperar sua importância para uma sadia vivência cristã
de nossa fé, que tem sua centralidade no mistério pascal de Cristo, celebrado
dominicalmente.
[18]DA SILVA. José Ariovaldo. O domingo páscoa semanal dos
cristãos. São Paulo: Paulus, 1998, p. 14.
[19]JOÃO PAULO II. Carta Apostólica Dies Domini: sobre a
santificação do domingo. São Paulo: Loyola, 1998, n. 1.
[20] JOÃO PAULO II. Carta Apostólica Dies Domini...n. 3.
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