Natureza do ano litúrgico
A santa mãe
Igreja considera seu dever celebrar, em determinados dias do ano, a memória
sagrada da obra de salvação do seu divino Esposo. Em cada semana, no dia a que
chamou domingo, celebra a da Ressurreição do Senhor, como a celebra também uma
vez no ano na Páscoa, a maior das solenidades, unida à memória da sua Paixão.
Distribui todo
o mistério de Cristo pelo correr do ano, da Encarnação e Nascimento à Ascensão,
ao Pentecostes, à expectativa da feliz esperança e da vinda do Senhor.
Com esta
recordação dos mistérios da Redenção, a Igreja oferece aos fiéis as riquezas
das obras e merecimentos do seu Senhor, a ponto de torná-los como que presentes
a todo o tempo, para que os fiéis, em contacto com eles, se encham de graça (SC
102).
A Igreja celebra a obra de
salvação na experiência do tempo lunar que, que forma as semanas. Na
experiência semanal do tempo, temos a celebração semanal da páscoa, o Dia do
Senhor, o domingo. Temos a celebração semanal da páscoa, o domingo, e a
celebração anual da páscoa, o Tríduo Pascal.
Nem sempre se utilizou a
expressão: “ano litúrgico”. Até o século XVI era denominado “ano da Igreja”. Um
século mais tarde passa-se a usar a expressão: “ano cristão”. Foi nos
primórdios do Movimento Litúrgico, com Próspero Guéranger que começa a ser
chamado de “ano litúrgico”. Pio XII na Encíclica Mediator Dei, de 1947,
incorpora a expressão no Magistério da Igreja, de modo que ele aparece na
Sacrosanctum Concilium e demais documentos da reforma litúrgica.
Podemos definir o ano litúrgico
como “a celebração do mistério de Cristo e da obra da salvação no decorrer do
ano”[2]. A Igreja revela e vive a totalidade do mistério de Cristo ao longo do
ano litúrgico, desde a encarnação, nascimento até a ascensão e pentecostes, bem
como a expectativa da vinda do Senhor. Como afirma Goedert:
O ano litúrgico
reúne o ciclo das celebrações anuais da Igreja que atualiza o mistério de
Cristo no tempo [...]. Não apenas recorda as ações de Jesus, nem somente renova
a lembrança de ações passadas, mas sua celebração tem força sacramental e
especial eficácia. Recorda-nos e faz presente o que Deus realizou pelos homens
em Cristo e o que hoje continua a ser realizado pelo Espírito Santo na Igreja,
como também o que devemos realizar para responder na fé e imitar na vida o
exemplo de Cristo.[3]
[2]
MARTÍN, Julián López. A liturgia da Igreja: teologia, História, espiritualidade
e pastoral. São Paulo: Paulinas, 2006, p. 316; Cf. SC 102.
[3]
GOEDERT, Valter Maurício. A Constituição Liturgica fazer Concílio Vaticano II:
a Sacrosanctum Concilium um alcance seu. São Paulo: Ave Maria, 2013, p.
107-108.
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