RECLINOU-O NUMA MANJEDOURA
Pe. Luiz Carlos de Oliveira, CSsR
Nasceu-nos um Menino
Diante do
presépio estamos contemplando o maior acontecimento de todos os tempos. Para
muitos não passa de uma imagem, de um folclore cristão, de uma lenda. Os que
foram capazes de compreender e abriram a inteligência, viram o rosto Deus na
simplicidade daquela criança. Não fomos nós que O fizemos a nossa imagem, mas
Ele que escolheu nossa humanidade para se tornar acessível. Não somente tomou
um corpo, mas assumiu nossa humanidade fazendo-a sua. Deus faz parte de nossa
história e a une a sua vida para que tenhamos vida plena. Em Jesus, Homem Deus,
a humanidade tem sua significação total. Não somos meros fatos. Recebemos o
sentido para tudo o que existe em nós. A simplicidade do momento vai além. O
texto de Lucas é singelo e diz tudo. Não é um fato fora da história, pois
aconteceu um dia, no Império Romano, numa região distante do centro do mundo.
Foi profetizado e aconteceu. No recenseamento, José e Maria foram registrar-se
em Belém que era sua região de origem. “Completaram-se os dias para o parto. E
Maria deu à luz seu filho primogênito, envolveu-O em faixas e O reclinou numa
manjedoura, porque não havia um lugar para eles na sala da hospedagem” (Lc 2,6-7).
As palavras simples revelam a densidade do mistério. São palavras que falam
primeiro ao coração. Não se trata de pauperismo social, mas da condição de todo
o ser humano sempre completo. Sua grandeza se percebe mais na simplicidade,
pois, para o amor tudo é grande. Cocho de palha ou berço de ouro não tem
diferença quando é para amar. O brilho está por dentro. Nesta simplicidade
acolheu os pastores e os Magos.
Uma vida e um caminho
Jesus não
é só um acontecimento ou uma data de calendário. Ele é Vida, pois é a fonte da
Vida. Por ser um com o Pai, mesmo sendo também homem, comunica Vida. A
revelação que Jesus faz da vontade do Pai é abrir à comunhão de Vida. Ele veio
para estabelecer essa comunhão com o Pai. O ser humano, homem e mulher, são
muito maiores que um tempo de vida e um corpo que termina. Somos mais. Já os
poetas gregos, citados por Paulo, dizem que somos da natureza Divina: “Nós
somos também de sua raça” (At. 17,28). S. Pedro diz palavras profundíssimas:
“Por elas (glória e virtude) nos foram dadas as preciosas promessas a fim de
que assim vos tornásseis participantes na natureza Divina” (2Pd 1,4). Recebemos
a comunicação da natureza Divina, plenitude da vida que pertence a Deus. Esse
dom é para nós um compromisso de fazer um caminho no qual a vida Divina e
humana que possuímos sejam nossa vida.
Viver a Encarnação
O nascimento de Jesus não é só uma questão de um fato da
vida Dele. Mas faz parte de nossa vida. Uma vez que vivemos na comunhão com
Deus pela própria natureza humana que Jesus possui, é natural viver como Jesus
viveu. Por que viver só a condição humana, quando a que permanece é a divina
que glorifica a humana? Viver a comunhão com Deus é o natural da vida. Mesmo
que não nos interessemos, a comunhão está em nós. Viver o Natal é viver como
Jesus viveu. Ele foi totalmente humano, como nós, nem por isso deixou de lado
sua Divindade. Mostrou que Deus não atrapalha a vida humana. Aliás, se
assumíssemos o caminho que Jesus nos mostrou, o mundo estaria diferente. Por
que não fazer a experiência. Aos que creem em Jesus como religião S. João diz:
“Aquele que diz que está Nele, também deve andar como Ele andou” (1João 2,6). A
celebração do Natal deve nos encantar, pois se manifestou a glória de Deus.
Feliz Natal com Jesus.
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