Filho de
Zebedeu (Mc 1,20; Mt 4,21), irmão de Tiago, o maior (Lc 5,10), discípulo de
João Batista (Jo 1, 35-41), foi um dos primeiros a passar para o seguimento de
Jesus. É o discípulo predileto que, na última ceia, reclinou a cabeça no peito
de Jesus (Jo 13, 23-25). Testemunha da Transfiguração (Mt 17,1) e da agonia do
Senhor (Mc 14,33), está presente ao pé da cruz, onde Jesus lhe confia a Mãe (Jo
19, 26-27). Junto com Pedro, viu o sepulcro vazio e acreditou na ressurreição
do Senhor (Jo 20,1-9).
O que era desde o princípio, o que
nós ouvimos, o que vimos com os nossos olhos e as nossas mãos tocaram da
Palavra da Vida (1Jo 1,1). Quem poderia tocar a Palavra com suas mãos, a não ser
porque a Palavra se fez carne e habitou entre nós? (Jo 1,14).
A Palavra que se fez carne para ser
tocada com as mãos, começou a ser carne no seio da Virgem Maria; mas não foi
então que a Palavra começou a existir porque, diz João, ela era desde o princípio.
Vede como sua Carta é confirmada pelas palavras do seu Evangelho, que acabais
de escutar: No princípio era a Palavra, e a Palavra estava junto de Deus (Jo
1,1).
Alguns talvez julguem que a
expressão Palavra da Vida designe de modo geral a Cristo e não o próprio Corpo
de Cristo que foi tocado pelas mãos. Reparai no que vem em seguida: E a Vida
manifestou-se (1Jo 1,2). Por conseguinte, Cristo é a Palavra da Vida.
E como se manifestou esta Vida? Ela
existia desde o início, mas não tinha se manifestado aos homens; manifestara-se
aos anjos que a contemplavam e se alimentavam dela como de seu pão. E o que diz
a Escritura? O homem se nutriu do pão dos anjos (Sl 77,25).
Portanto, a Vida se manifestou na
carne, para que, nesta manifestação, aquilo que só o coração podia ver, fosse
visto também com os olhos, e desta forma curasse os corações. De fato, o Verbo
só pode ser visto com o coração, ao passo que a carne pode ser vista também com
os olhos corporais. Éramos capazes de ver a carne, mas não éramos capazes de ver
a Palavra. Por isso, a Palavra se fez carne que nós podemos ver, para curar em
nós o que nos torna capazes de vê-la.
E somos testemunhas, diz João, e
vos anunciamos a Vida eterna, que estava junto do Pai e que se tornou visível
para nós (1Jo 1,2), isto é, que se manifestou entre nós ou, falando mais
claramente, nos foi manifestada.
Isso que vimos e ouvimos, nós vos
anunciamos (1Jo 1,3). Prestai atenção: Isso que vimos e ouvimos, nós vos
anunciamos. Eles viram o próprio Senhor presente na carne, ouviram da boca do
Senhor suas palavras e no-las anunciaram. E nós ouvimos certamente, mas não
vimos.
Somos, por isso, menos felizes do
que eles que viram e ouviram? Por que então acrescenta: Para que estejais em
comunhão conosco? (1Jo 1,3). Eles viram, nós não vimos e, contudo, estamos em
comunhão com eles porque temos uma fé comum.
E a nossa comunhão é com o Pai e
com seu Filho, Jesus Cristo. Nós vos escrevemos estas coisas, diz João, para
que a vossa alegria fique completa (1Jo 1,4). Essa alegria completa encontra-se
na mesma comunhão, na mesma caridade, na mesma unidade.
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