“A Família de Nazaré é modelo”
Pe. Luiz Carlos de Oliveira, CSsR
Consagrado ao Senhor
No Tempo do Natal temos diversas
celebrações que continuam a memória do Mistério da Encarnação que acompanha
toda a vida de Cristo. Se por um lado há uma tendência em acentuar tanto sua
Divindade que perdemos de vista sua Humanidade, por outro acontece acentuar
tanto o aspecto humano que esquece o Divino. Pela fé cremos na união das duas
naturezas e na sua total unidade e integridade: Homem-Deus. Maria e José vão ao
templo para os ritos após o nascimento do primogênito. Ele pertence a Deus e tem
que ser resgatado: “Todo primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao
Senhor” (Lc 2,23), conforme está escrito na lei do Senhor (Ex 13,2). Trata-se
de um rito de família. Ali estão os pais reconhecendo a propriedade que Deus
tem sobre o Filho. Jesus pertence ao Pai. Nesse momento é reconhecido por
Simeão que vivia a esperança de Israel, isto é, a vinda do Messias. Quem assim
vivia era movido pelo Espírito Santo. Notamos que os filhos pertencem a Deus e,
se temos o Espírito, vamos reconhecer neles a presença de Deus que age para o
bem. Criamos os filhos para Deus. Na profecia deste ancião está indicada sua
missão: salvação para os que creem e perda para os que não acolhem. É o
mistério da recusa. Diante de Cristo não há meios termos ou indiferença. A
Igreja participa dessa condição de Jesus e sofre também a espada que atravessa
o coração por ver a recusa do Evangelho e o sofrimento dos filhos perseguidos.
Cumpre também a profecia feita por Simeão a Maria: Uma espada atravessará tua
alma (Lc 2,35).
Revestir-se das virtudes
A Palavra de Deus convida a nos
revestirmos de Cristo. Revestir-se não é uma atitude exterior, mas ação da
graça. Quando Paulo estimula a nos revestirmos das virtudes, está mostrando os
efeitos da presença de Cristo em nós que gera um procedimento coerente. Não há
o que mais destrua a força de Cristo em nós que a incoerência, isto é, crer e
não agir como crê. O apóstolo, conhecedor da vida de família, enumera as
virtudes na família e na comunidade: Revestir-se de misericórdia, bondade,
humildade, mansidão, paciência, suportar-se e perdoar-se mutuamente. E retoma o
fundamento: “Amai-vos uns aos outros, pois o amor é o vínculo da perfeição”.
Reine a paz e sede agradecidos. Viver a vida cristã é viver a Palavra. Um ajude
o outro admoestando para superar os males. A oração é a costura de todas essas
virtudes. Todas as atividades sejam feitas em Cristo, dando graças a Deus por
meio dele. O relacionamento familiar insiste na preocupação de uns pelos outros
no mútuo acolhimento e dedicação. Quando se diz imitar a Sagrada Família, é
realizar na vida esse projeto.
Envelhecer no Espírito
O
próprio Jesus é apresentado como modelo a ser seguido: “E o Menino crescia e se
tornava forte, cheio de sabedoria; a graça de Deus estava com Ele” (40). É um
projeto formativo para as famílias cristãs: Crescimento integral: físico,
intelectual e espiritual. Sem isso temos a degradação da sociedade. Simeão e
Ana, as duas figuras apresentadas hoje, mostram que envelhecer no Espírito é
saber encontrar e identificar o Messias e sua ação. O livro do Eclesiástico
mostra a força do quarto mandamento, que é o primeiro da segunda tábua,
colocando como condição para ter o perdão dos pecados e força da oração o
respeito e atenção aos pais, sobretudo, envelhecidos. Celebrar o Natal do
Senhor é deixar Jesus nascer em nossas casas através das virtudes do Redentor,
tão bem vividas por sua Mãe.
Leituras:
Eclesiástico 3,3-7.14-17ª;Salmo 127; Colossenses 3,12-21; Lucas 2,22-40
Ficha nº 1400 – Homilia Sagrada Família
Jesus, Maria José (28.12.14)
O
Evangelho quer, mostrando os ritos da apresentação de Jesus no templo, acentuar
sua pertença ao Pai e sua humanidade. Ele deve ser resgatado, segundo a lei.
Como Simeão, se tivermos o Espírito reconheceremos a presença do Messias. Na
profecia desse ancião está a missão de salvação e a queda de muitos. A Igreja
sofre também a recusa.
A
Palavra nos convida a nos revestirmos de Cristo. Paulo ensina que esse
revestir-se acontece através das virtudes. Elas se resumem no amor. A oração é
a costura de todas as virtudes. Viver a vida cristã é viver a Palavra.
O
crescimento de Jesus como homem é o modelo a ser seguido. É o crescimento
integral. Simeão e Ana mostram como envelhecer cheio do Espírito. A obediência
ao quarto mandamento é condição para o perdão dos pecados e a força da oração.
Celebrar o Natal é deixar Jesus crescer em nossas casas através das virtudes do
Redentor, tão bem vividas por sua Mãe
A vez dos velhos
A
celebração da Sagrada Família não é só uma lembrança, mas um projeto de vida
como lemos no evangelho da celebração: Unidos realizam os ritos necessários
para a vida da comunidade; Ouvem a Palavra de Deus através da experiência do
velho Simeão e de Ana; Aprendem o valor de viver sob a inspiração do Espírito
Santo; Entendem que Jesus é o Messias, mas que deve ser educado como homem,
pois cresce em todos os sentidos; Sabem que Ele deve crescer na ciência de
Deus.
A
sociedade atual descarta os velhos. Na cultura africana, que conheci, ter um
velho é ter um tesouro. Diziam: quando morre um velho, queimou-se uma
biblioteca. É uma sabedoria que a sociedade perdeu. Com isso perdemos valores e
a formação nas virtudes anunciadas por Paulo. Ali está o modo de viver cristão.
Este
é o primeiro mandamento na referente ao próximo. E é o único com uma promessa
de vida boa e longa (Ex 20,12 e Ef 6,1-3). Deus recompensa quem cuida de seus
pais. Examinemos se alguns dos males que sofremos não provêm da desobediência a
esse mandamento! O Eclesiástico põe aí a condição de sermos perdoados dos
pecados e ouvidos em nossa oração.
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